Nesta quinta-feira, 21 de dezembro, a Polícia Federal deflagrou uma operação com 14 mandados de busca e apreensão em Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ) e Aracaju (SE), como parte de uma investigação sobre o afundamento do solo causado pela mineração de sal-gema realizada pela empresa Braskem em bairros da capital alagoana.
Os alvos das buscas incluem membros da direção, área técnica e gerência da Braskem, destacando o diretor industrial Alvaro Cesar Oliveira de Almeida, os gerentes de produção Marco Aurélio Cabral Campelo, Paulo Márcio Tibana e Galileu Moraes, bem como os responsáveis técnicos Paulo Roberto Cabral de Melo e Alex Cardoso da Silva.
A ação também se estende à sede da Braskem em Maceió, investigando possíveis irregularidades e a atuação de empresas de consultoria vinculadas à Braskem: Modecon (RJ) e Flodim (SE). Todos os alvos das buscas foram submetidos à quebra de sigilo telemático, possibilitando à PF rastrear conversas por aplicativos de mensagem e e-mails.
A PF busca esclarecimentos sobre a atuação da Braskem, visando determinar se a empresa tinha conhecimento dos riscos associados à mineração de sal-gema, desde quando essa consciência existia, se houve omissão de documentos, contratação de pareceres direcionados, e quem, internamente na empresa, tinha conhecimento das informações e tomou decisões durante o processo de afundamento dos bairros.
Em resposta às alegações, a Braskem afirmou, por meio de nota, que está acompanhando a operação da PF e está à disposição das autoridades, comprometendo-se a fornecer todas as informações necessárias no decorrer do processo.
A Polícia Federal sustenta que há indícios de que as atividades da Braskem em Maceió não seguiram os padrões de segurança estabelecidos. Há suspeitas de apresentação de dados falsos e omissão de informações dos órgãos de fiscalização, permitindo a continuidade das atividades mesmo diante de problemas de estabilidade nas minas.
Os suspeitos podem ser responsabilizados por crimes como poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, incluindo omissões, entre outros delitos.
O problema do afundamento do solo começou a ser percebido em 2018 no bairro Pinheiro, afetando posteriormente outros quatro bairros e levando à evacuação de aproximadamente 60 mil pessoas. No início deste mês, uma das 35 minas da Braskem entrou em colapso, desencadeando um novo episódio de afundamento do solo.
A população aguarda ansiosamente por esclarecimentos e ações efetivas para remediar os danos causados, enquanto a investigação da Polícia Federal busca responsabilizar aqueles envolvidos na situação.