No início de novembro, a Folha de São Paulo trouxe à tona uma preocupante descoberta: 500 cidades brasileiras estavam sob suspeita de erros ao alimentar o Censo Escolar. Entre elas, Sergipe liderava a lista como o estado com o maior número de municípios possivelmente afetados por esses equívocos. Uma investigação mais aprofundada revelou que o principal foco dos problemas estava relacionado à matrícula na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Segundo informações obtidas no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), alguns municípios declararam ter mais alunos matriculados na EJA do que em todo o ensino fundamental, levantando dúvidas sobre a veracidade dos dados apresentados no Censo Escolar. O caso tornou-se ainda mais delicado quando constatou-se que Sergipe liderava essa estatística, aumentando as preocupações sobre a qualidade e integridade do sistema educacional no estado.

O município de Aquidabã, em Sergipe, ganhou destaque nesse contexto, especialmente após um ataque violento a um indivíduo que procurava informações sobre as suspeitas de irregularidades. A análise dos dados do Censo Escolar revelou discrepâncias significativas nas matrículas, especialmente na modalidade EJA e no ensino em tempo integral.

Em 2016, Aquidabã reportou 235 alunos matriculados na EJA. Entretanto, em 2021, esse número saltou para 1.574, com uma queda notável em 2019, quando possuíam 1.816 matrículas. Outro ponto de destaque foi a aparente disparidade nas matrículas em tempo integral. O município registrou 1.463 alunos nessa modalidade em 2021, enquanto em 2020 não havia nenhum aluno matriculado nessa categoria.

Para contextualizar esses números, comparamos Aquidabã com algumas das maiores cidades vizinhas:

  • Socorro: 782 matrículas na EJA e 419 no ensino integral;
  • Itabaiana: 320 na EJA e 800 no ensino integral;
  • Estância: 715 na EJA e 790 no ensino integral;
  • Lagarto: 718 na EJA e 334 no ensino integral.

Aquidabã se destaca notavelmente, com 1.570 matrículas na EJA e 1.490 no ensino integral, levantando questionamentos sobre a precisão e confiabilidade dos dados fornecidos.

Diante dessas constatações, é imperativo que as autoridades competentes se manifestem. Convidamos o Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) a investigarem essas possíveis irregularidades, garantindo a transparência e a integridade do sistema educacional em Aquidabã e em todo o estado de Sergipe. A população merece respostas claras e ações concretas para assegurar a qualidade do ensino e a confiança nas informações fornecidas pelos órgãos responsáveis.

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Felipe Pimentel, jornalista alagoano formado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), se destaca por sua dedicação à comunicação e sua versatilidade no campo jornalístico. Com uma paixão inabalável pelo mundo das notícias e uma busca constante pela verdade em todos os campos da sociedade.

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