Em meio à repercussão do caso que envolve agressões entre um homem e três mulheres trans no centro de Aracaju, o delegado André David, responsável pela investigação, concedeu uma declaração exclusiva à Realce nesta segunda-feira, 22, em resposta às críticas que vem recebendo nos últimos dias.
O delegado, que tem sido acusado de transfobia, enfatizou que sua função é combater a criminalidade, independentemente de quem seja o autor do crime. “Meu papel é combater o crime, independentemente de quem cometa, se for homem, mulher, trans, hetero, negro, branco, pobre, rico. Meu papel é combater o crime, e é isso que estou fazendo”, afirmou.
Diante das críticas específicas sobre suas declarações, David ressaltou a distinção entre seu papel profissional e a atuação de militantes, destacando a diferença entre fazer política e ser profissional. Em relação à deputada estadual Linda Brasil (PSOL) e ao delegado Mário Leony, ele os classificou como militantes, afirmando que sua obrigação é ser profissional e se ater aos fatos da investigação.
O delegado Mário Leony repudiou o que considerou uma tentativa de criminalização de corpos trans, especialmente em pleno mês da visibilidade. Já a deputada Linda Brasil tomou medidas mais concretas, apresentando duas Representações no Ministério Público (MP) contra André David, contestando a condução midiática do caso e suas declarações em tom de ameaça em relação às pessoas trans acusadas de agredir o homem no Centro de Aracaju.
Diante das acusações, André David reforçou seu compromisso com a defesa até mesmo dos militantes, caso se tornem alvos de criminosos. “Eu defendo inclusive eles, militantes, caso eles sejam alvos de criminosos. Até eles eu vou defender porque é meu papel, minha obrigação”, afirmou.
A Realce procurou a deputada Linda Brasil para esclarecimentos sobre as medidas tomadas por ela em relação ao caso. A parlamentar afirmou que acompanha o desdobramento desde as primeiras circulações de imagens na internet e destacou a necessidade de uma apuração imparcial por parte da polícia, com respeito aos direitos humanos e ao devido processo legal.
Além disso, Linda Brasil informou que esteve no Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) e na Superintendência da Polícia Civil, onde se reuniu com representantes de movimentos sociais e órgãos de atendimento especializado à população LGBQIA+ para tratar sobre o caso.
A deputada ressaltou seu posicionamento contrário a todas as formas de violência e repudiou a transfobia institucional e o discurso de ódio do delegado responsável pela investigação. Linda Brasil protocolou uma representação junto ao Ministério Público do Estado (MPE) e à Corregedoria da Polícia Civil, solicitando a investigação da conduta parcial, sensacionalista, autoritária e transfóbica do delegado André David.
O desdobramento deste caso continuará sendo acompanhado de perto pela Realce, à medida que as investigações e as medidas legais avançam.