Negociada por meses entre o ex-policial militar Ronnie Lessa e a Polícia Federal, a delação premiada do acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco enfrentou desafios significativos relacionados aos benefícios pleiteados pelo delator. O impasse girava em torno das contrapartidas que Lessa buscava e que a PF considerava inviáveis. Segundo informações de envolvidos no caso, a principal dificuldade foi encontrar um meio termo que satisfizesse ambas as partes. O desfecho da negociação resultou na assinatura do acordo, que agora aguarda homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O colunista Lauro Jardim destacou que a delação de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do crime que chocou o país em 2018, está em fase final e depende da validação do STJ para ser oficializada. A consulta ao ministro Raul Araújo, do STJ, no segundo semestre do ano passado, foi necessária para esclarecer dúvidas sobre a prerrogativa de foro de um dos envolvidos. A decisão do tribunal confirmou que um dos acusados tinha direito ao foro, e o STJ foi designado como responsável pela validação do acordo de delação.
Antes de Lessa, a PF já havia firmado um acordo de delação com o ex-policial militar Élcio de Queiroz, que admitiu ter dirigido o carro usado na emboscada contra a vereadora Marielle Franco. Élcio mencionou o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, como envolvido na morte de Marielle. Devido ao foro privilegiado de Brazão, existe a possibilidade de que Ronnie Lessa também tenha mencionado o nome do conselheiro em sua delação.
A coluna também revelou que, no início do ano passado, Ronnie Lessa havia indicado à Polícia Civil seu interesse em negociar uma delação premiada. Naquela ocasião, no entanto, as tratativas não avançaram. Agora, com a delação assinada e aguardando homologação, a revelação do conteúdo pode trazer novos desdobramentos para o caso Marielle Franco, lançando luz sobre os detalhes do crime e possíveis conexões.