O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi alvo de um mandado de busca e apreensão e intimado a prestar depoimento nesta quinta-feira na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. A investigação apura a suspeita de sua participação em um suposto esquema ilegal de monitoramento de desafetos do governo Bolsonaro.
Ramagem, que foi delegado da PF e chefiou a Abin de 2019 a 2022, será questionado pelos investigadores sobre seu conhecimento e autorização para a utilização do programa secreto chamado First Mile, utilizado para monitorar a localização de políticos, jornalistas, advogados e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em manifestações anteriores, Ramagem negou irregularidades.
A Operação Vigilância Aproximada, autorizada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete de Ramagem na Câmara dos Deputados e em seu apartamento funcional. Além do deputado, outros sete policiais federais e três servidores da Abin foram alvos das diligências, que ocorreram em Brasília/DF, Juiz de Fora/MG, São João Del Rei/MG e Rio de Janeiro/RJ.
Os investigadores também apuram se a Abin produziu dossiês envolvendo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e se monitorou o ministro da Educação, Camilo Santana, quando era governador do Ceará.
Ramagem, homem de confiança de Jair Bolsonaro, foi escolhido pelo ex-presidente para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano, contando com o vereador Carlos Bolsonaro como coordenador de sua campanha. A espionagem ilegal, realizada através do programa First Mile, foi revelada pelo jornal O Globo em março de 2023. O programa permitia o monitoramento da localização de até 10 mil pessoas por ano, sem autorização judicial, apenas digitando o número de um contato telefônico no programa.
O depoimento de Alexandre Ramagem será aguardado com expectativa, pois poderá esclarecer o seu envolvimento ou conhecimento sobre as práticas investigadas, marcando mais um episódio em meio às controvérsias envolvendo a utilização de recursos de inteligência para monitorar cidadãos e adversários políticos. A Realce continuará acompanhando de perto os desdobramentos dessa investigação.