A prisão dos membros proeminentes do clã Brazão, Chiquinho e Domingos, no último domingo (24/3), lançou uma sombra sinistra sobre as instituições políticas onde o nome Brazão é uma figura familiar. Com Chiquinho Brazão atuando na Câmara dos Deputados, Manoel Inácio (Pedro Brazão) como deputado estadual, Waldir Rodrigues Moreira Júnior (conhecido como Waldir Brazão) como vereador, e Domingos Brazão como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, a influência da família se estende por vários níveis do governo, exibindo um poder político consolidado ao longo das décadas.
O clã Brazão emergiu na cena política em 1996, com Domingos Brazão garantindo sua primeira eleição como vereador pelo antigo PL. Desde então, eles têm sido uma força a ser reconhecida, especialmente na Zona Oeste do Rio, com uma base sólida na Taquara, região de Jacarepaguá. Seu método de operação, caracterizado pelo assistencialismo, prestação de favores e serviços sociais, principalmente em áreas influenciadas por milícias, é uma marca distintiva que lhes permitiu construir uma base de apoio leal e sustentável.
Além disso, a proximidade estreita dos Brazão com agentes do Estado, incluindo policiais, e sua habilidade de se infiltrar em instituições públicas, como Legislativo e Executivo, através de meios legais, reforçaram sua influência política e seu poder de barganha. Essa rede de conexões foi evidenciada pelas interações entre Chiquinho Brazão e o governador Cláudio Castro durante a campanha de reeleição, assim como pelo apoio manifestado pelo prefeito Eduardo Paes à candidatura de Kaio Brazão.
Entretanto, a recente prisão de Chiquinho e Domingos Brazão, no contexto da investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, lança dúvidas sobre a integridade e a legitimidade da máquina política Brazão. Os eventos gravados em vídeo, mostrando o apoio público dos líderes políticos, agora sob escrutínio, aumentam as preocupações sobre possíveis conluios e corrupção.
A nomeação de Chiquinho Brazão para a Secretaria Municipal de Ação Comunitária, seguida por sua rápida renúncia, sinaliza a influência contínua da família, mesmo em meio a controvérsias. A estrutura política do clã, com membros em posições-chave em diversas instituições, mostra sua capacidade de adaptar-se e sobreviver, apesar das adversidades.
No entanto, a investigação em curso e a prisão dos membros proeminentes colocam em questão o futuro do clã Brazão. Enquanto Kaio Brazão, o jovem de 22 anos, se prepara para concorrer a vereador neste ano, a sobrevivência do clã político enfrenta desafios significativos. A renovação planejada pelos Brazão pode ser sua última tentativa desesperada de manter o poder, enquanto enfrentam o escrutínio implacável da justiça e da opinião pública. O futuro político do clã Brazão permanece incerto, à medida que a investigação continua a desenrolar-se.