Durante o primeiro dia do julgamento que pode resultar na cassação do mandato do senador Sergio Moro (União-PR), os advogados do PT e do PL usaram argumentos similares ao apontar as supostas irregularidades durante a pré-campanha do ex-juiz da Lava-Jato. Ambos citaram o caso da ex-senadora Selma Arruda, cassada em 2019 por seis votos a um pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de poder econômico e caixa dois durante as eleições de 2018.
O advogado do PL-PR, Bruno Cristaldi, disse que embora não pretendesse fazer uma “réplica do julgamento anterior”, de Selma Arruda, os pontos trazidos no caso da parlamentar cassada são “relevantes” para o caso atual.
Ele destacou o argumento do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, sobre o gasto médio de um candidato no julgamento da ex-senadora.
— São gastos de R$ 500 a R$ 600 mil para pré-campanha no Senado do Paraná. Esse é o limite, o que representa de 10 a 30% do total de R$ 1,8 milhão na campanha inteira — disse. Cristaldi apontou que as despesas da campanha de Moro estão 300% acima da média.
Luiz Eduardo Peccinin, advogado da federação que inclui PT, PV e PCdoB, aponta em sua argumentação que houve uma “trapaça muito clara, aquela de queimar a largada em eleições.”
— A defesa aqui vai tentar se afastar o máximo possível do caso da Selma Arruda, como o diabo foge da cruz, e porque sabem que a situação é muito similar. É similar, mas não é a mesma. Pra mim, é pior. Pois o volume de dinheiro é muito maior. E estamos falando aqui de fundo partidário. Dinheiro público — afirmou o advogado.
Cristaldi citou elementos que não foram apresentados no relatório da Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná, com “dois exemplos clássicos de dois valores que não estão computados e deveriam”. Segundo ele, um dos gastos que não foram apresentados foi uma pesquisa que analisava o apoio e opinião do público evangélico em relação a Moro.