O tradicional “abril vermelho” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ganha destaque este ano em meio a uma rixa entre o governo federal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o movimento. O governo planeja anunciar um pacote de medidas na próxima semana, em cerimônia no Palácio do Planalto, com o objetivo de impulsionar assentamentos de terra pelo país, buscando frear as invasões promovidas pelo MST.
O movimento, que é um aliado histórico do partido do presidente, demonstra descontentamento com o ritmo de desapropriações no terceiro mandato de Lula e também se queixa por não ter sido recebido pelo presidente em uma reunião até o momento. Essas invasões são consideradas um fator de desgaste para o Executivo, especialmente em um momento de polarização política, sendo utilizadas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para atacar a gestão petista.
As ocupações realizadas pelo MST durante o “abril vermelho” costumam gerar controvérsias e desagrados, especialmente no setor do agronegócio, que o governo tenta se aproximar. No entanto, o movimento demonstrou disposição em aguardar a apresentação das medidas pelo governo antes de decidir como será a atuação dos militantes sem-terra neste mês.
No ano passado, durante o “abril vermelho”, foram registradas ocupações em áreas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco, e da Suzano Papel e Celulose, no Espírito Santo. Essas ações geram impactos significativos e tensionam as relações entre o movimento, o governo e diversos setores da sociedade.
O anúncio das medidas na próxima segunda-feira visa desencorajar o MST a promover suas tradicionais marchas e invasões neste período sensível, especialmente em memória do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996. A expectativa é que o governo busque soluções que conciliem os interesses do movimento, a segurança pública e a estabilidade política no país.