O período junino é uma época aguardada por vendedores ambulantes e artesãos em Sergipe, que aproveitam as festividades para aumentar a renda familiar. Uma dessas festas é o Forró Siri, o tradicional São Pedro de Nossa Senhora do Socorro. No entanto, este ano, a festa se transformou em motivo de revolta e decepção para muitos trabalhadores.

Nos dias 28 e 29 de junho, o Conjunto João Alves Filho, em Nossa Senhora do Socorro, recebeu o Forró Siri. A Prefeitura Municipal celebrou o Contrato nº 68/2024 com a empresa Denis Show’s e Eventos, de Craíbas (AL), para patrocinar a estrutura dos festejos juninos, incluindo palco, gerador, camarim, barricadas, painel de LED, sonorização e iluminação profissional. Em troca, o Município divulgaria a marca da patrocinadora durante o evento.

Porém, a Associação dos Ambulantes e Artesãos de Sergipe, representada por seu presidente Antônio Marcos Vieira, denunciou que os vendedores ambulantes estão sendo obrigados a comprar bebidas da empresa contratada a preços abusivos. Isso fere o livre comércio e torna a atividade comercial inviável. Caso não comprem os produtos da Denis Show’s e Eventos, os vendedores não têm permissão para entrar no evento.

A situação levou a Associação a solicitar uma audiência pública no Ministério Público do Estado de Sergipe (MP-SE). A empresa se comprometeu a reduzir os preços em R$ 2,50 por produto, mas a medida foi considerada insuficiente pelos comerciantes.

“A Prefeitura praticou o monopólio. Fomos ao Ministério Público e a empresa prometeu reduzir os preços, mas ainda é muito caro. Todos os vendedores e ambulantes estão revoltados”, afirmou Antônio Marcos Vieira.

Deise Conceição, comerciante de bebidas, expressou sua indignação: “É revoltante. Uma caixa de cerveja com 12 unidades por R$ 70,00? Um pacote de água mineral por R$ 17,50? Red Bull por R$ 61,00? Valores até 50% acima do mercado. Como vamos ter lucro? Isso é um absurdo. Estamos revoltados com a empresa e com a Prefeitura que permitiu isso”.

Além dos preços abusivos, os vendedores reclamam do tratamento recebido. “Eles nos fiscalizam, revistam nossos carros, nos tratam como marginais. É uma humilhação”, desabafou Deise.

Até o momento, a Secretaria de Cultura e Turismo de Nossa Senhora do Socorro não se pronunciou.

A revolta dos ambulantes e artesãos marca um capítulo difícil na história do Forró Siri, evidenciando a necessidade de uma revisão nas políticas de apoio e organização para os próximos eventos.

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