No palco internacional da 28ª Conferência do Clima da ONU (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, os estados nordestinos, lançaram um ambicioso projeto para atrair investimentos internacionais voltados à pesquisa, bioeconomia e regeneração do bioma Caatinga. O projeto, intitulado Fundo da Caatinga, foi apresentado como uma iniciativa coordenada pelo Consórcio Nordeste.
A secretária de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas de Sergipe, Deborah Dias, enfatizou a importância desse momento simbólico, destacando a relevância da Caatinga não apenas para a questão ambiental, mas também para potenciais investimentos em soluções tecnológicas em defesa dos recursos naturais. O Fundo da Caatinga surge como uma resposta para garantir recursos destinados ao desenvolvimento sustentável da região.
Segundo dados do MapBiomas, a Caatinga ocupa 8,09% do território de Sergipe, e a vegetação total do estado corresponde a 16,61%. Deborah Dias ressaltou o compromisso de conservação ambiental para o bioma, mencionando o Monumento Natural Grota do Angico como um exemplo.
O bioma Caatinga abrange mais de 90% do território nordestino e enfrenta desafios crescentes de desmatamento e desertificação, com cerca de 42% de sua cobertura original já alterada pela ação humana. Pedro Lima, secretário de Programas do Consórcio Nordeste, destacou a importância da captação de parcerias para a preservação da Caatinga e a busca por soluções tecnológicas, promovendo, ao mesmo tempo, a inclusão social.
A proposta do Fundo da Caatinga, inspirada no modelo do Fundo da Amazônia, foi entregue ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima em outubro deste ano. A ênfase da proposta recai sobre o financiamento de projetos para manejo sustentável, recuperação de áreas degradadas, geração de energia sustentável, e conservação da biodiversidade.
Natália Dias, diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, elogiou o esforço conjunto dos estados nordestinos, salientando a importância de considerar a Caatinga em iniciativas de sustentabilidade. A Caatinga, sendo o único bioma exclusivamente brasileiro, desempenha um papel crucial na absorção de carbono e na oferta de lições valiosas sobre adaptação climática em ambientes semiáridos.
A proteção da Caatinga não só é vital para a construção de um mundo adaptado às mudanças climáticas, mas também contribui para a preservação da biodiversidade e oferece insights valiosos para a eficiência agrícola em um cenário de mudanças climáticas globais. O Fundo da Caatinga surge como uma peça-chave nesse esforço conjunto para promover o desenvolvimento sustentável e a conservação desse bioma único e precioso.