O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), conhecido por sua trajetória no Movimento Brasil Livre (MBL), obteve aprovação para a criação da CPI das ONGs na Câmara Municipal de São Paulo. Com 25 assinaturas, a iniciativa visa investigar a atuação de entidades que realizam trabalho filantrópico na Cracolândia, região central da capital paulista. A principal mira da CPI é o Padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, que há anos desenvolve ações sociais na área.

O requerimento inicial direciona o foco para duas entidades específicas: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo Craco Resiste, ambas envolvidas em atividades comunitárias destinadas à população de rua e dependentes químicos na região. Nunes acusa o religioso de estabelecer parcerias com essas organizações e alega ter recebido “inúmeras denúncias” sobre a atuação de diversas ONGs que, segundo ele, fornecem alimentos sem realizar o devido acolhimento aos vulneráveis.

Em entrevista ao GLOBO, o vereador afirmou: “Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população, e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação.”

Em resposta à acusação, Padre Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as entidades e esclareceu que não faz parte da Bompar há 17 anos. Ele destacou a autonomia das organizações, afirmando que a Câmara tem o direito de realizar uma CPI, mas não encontrará sua participação em nenhuma delas.

Essa não é a primeira vez que Rubinho Nunes critica publicamente o religioso. Em dezembro, convocou o padre a prestar depoimento na Frente Parlamentar em Defesa do Centro, gerando críticas de políticos da esquerda, como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Nas redes sociais, a criação da CPI recebeu críticas de parlamentares e membros da sociedade civil. O nome do Padre Júlio tornou-se um dos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter), com o deputado federal Nilto Tatto (PT) expressando insatisfação e a vereadora Erika Hilton (PSOL-SP) classificando a iniciativa como absurda, atribuindo-a aos membros do MBL.

A expectativa é que a comissão seja instalada no retorno do recesso, em primeiro de fevereiro, e a sociedade aguarda os desdobramentos dessa investigação, que promete lançar luz sobre a atuação das ONGs na Cracolândia e a polêmica em torno do trabalho filantrópico liderado pelo Padre Júlio Lancellotti.

Share.

Felipe Pimentel, jornalista alagoano formado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), se destaca por sua dedicação à comunicação e sua versatilidade no campo jornalístico. Com uma paixão inabalável pelo mundo das notícias e uma busca constante pela verdade em todos os campos da sociedade.

Leave A Reply