O desfecho do caso Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018, pode estar próximo com os recentes desenvolvimentos na delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar acusado de ser o autor dos disparos. Desde que a Polícia Federal assumiu o caso em fevereiro do ano passado, as negociações com Lessa visando a revelação do mandante estavam em andamento. Agora, com a assinatura do acordo no final de 2023 e a delação aguardando homologação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o desfecho do caso parece mais próximo.
O blog do colunista Lauro Jardim informou que a delação de Lessa pode ser crucial para a conclusão do caso Marielle. Faltando menos de dois meses para o crime completar seis anos, em 14 de março, as informações fornecidas por Lessa devem ser confirmadas pelos agentes federais do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), especializado na elucidação de casos complexos.
A delação premiada de Ronnie Lessa levanta a possibilidade de que o mandante do crime tenha foro por prerrogativa de função, visto que o acordo está no STJ. Para que o caso seja concluído, os investigadores precisam comprovar a veracidade das informações fornecidas pelo delator.
Antes de Lessa, a PF já havia obtido a delação de Élcio de Queiroz, ex-policial militar que admitiu ter dirigido o carro usado na emboscada contra Marielle. Élcio chegou a citar o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, como envolvido na morte da vereadora. Com Brazão tendo foro privilegiado, há a possibilidade de Lessa também ter mencionado o nome do conselheiro em sua delação.
A Polícia Federal investigou a diligência da Polícia Civil do Rio na apuração da primeira parte do caso Marielle, denominada “investigação da investigação”. Em 2019, um relatório de 600 páginas do delegado Leandro Almada, atualmente superintendente da PF do Rio, desmascarou uma farsa montada para incriminar o miliciano Orlando Oliveira de Araújo e o então vereador Marcello Siciliano. A farsa foi desmantelada, e Ferreirinha, um dos envolvidos, respondeu por obstrução à Justiça.
Atualmente, com Leandro Almada à frente da PF, o Gise recebeu a missão de chegar ao mandante do crime. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, estabeleceu um prazo até março para a solução do caso, reforçando a possibilidade de a delação de Lessa já estar em andamento. Além de Brazão e Siciliano, a Polícia Civil investigou o ex-bombeiro e ex-vereador Cristiano Girão. O desfecho desta complexa trama pode trazer respostas há muito aguardadas sobre a morte de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.