A Polícia Federal está apurando indícios de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria organizado uma operação paralela para tentar retirar Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, do foco de uma investigação relacionada a suspeitas de tráfico de influência no governo. A operação teria como objetivo principal livrar o filho do presidente das suspeitas que pesavam sobre ele e, ao mesmo tempo, incriminar o ex-sócio de Jair Renan. A investigação original foi arquivada em agosto de 2022.
O inquérito inicial foi iniciado após a revista VEJA revelar que Jair Renan e seu ex-personal trainer intermediaram uma reunião de empresários com membros do governo Bolsonaro. Durante essa investigação, a Abin passou a seguir os passos do ex-personal trainer de Jair Renan, uma ação de espionagem que foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal.
Na época, o agente da Abin envolvido na ação declarou que recebeu a missão de levantar informações sobre um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil, supostamente doado ao filho do ex-presidente e ao seu ex-personal trainer por um empresário do Espírito Santo interessado em ter acesso ao governo. O objetivo da Abin seria descobrir quem estava utilizando o veículo. A interferência da Abin foi revelada em um relatório da PF que indicava que essa ação atrapalhou o andamento da investigação envolvendo Jair Renan.
O agente da Abin, Luiz Felix, que estava envolvido na operação de espionagem, afirmou em depoimento que recebeu a missão de um auxiliar de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin e figura próxima de Jair Bolsonaro. A PF investigará agora se houve uma articulação mais ampla da Abin para influenciar o resultado da investigação.
Na época, a Abin afirmou que não havia registro da ação no sistema, enquanto Felix preferiu não comentar. O agente foi desligado do órgão 13 dias depois de ser flagrado em missão. O relatório da PF destacava que essa interferência da Abin poderia ter incentivado os dois investigados a combinarem versões e ressaltava que não havia “justificativa plausível” para a diligência do órgão de inteligência.
A nova fase da investigação da PF se concentrará na apuração das circunstâncias que levaram à operação da Abin, seus objetivos e a possível influência no curso da investigação sobre Jair Renan. Renan sempre negou ter recebido um carro ou facilitado o acesso de empresários ao governo.
Essa revelação aumenta ainda mais a complexidade do cenário político e das relações entre órgãos de inteligência e investigações em curso, colocando em evidência as práticas e condutas no exercício do poder no Brasil. A Polícia Federal continua diligente na busca pela verdade e transparência nessas questões delicadas que envolvem o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Realce continuará acompanhando de perto os desdobramentos desta investigação.