A investigação da Operação Tempus Veritatis, que apura um suposto plano de golpe de estado após as eleições de 2022, revelou que o general e ex-ministro interino da Secretaria-Geral Mário Fernandes, investigado pela Polícia Federal (PF), também participou da ofensiva, divulgando uma carta aberta pedindo ruptura institucional.
Fernandes, que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, foi mencionado na reunião gravada em vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro exortou seus ministros a agirem contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o sistema eleitoral brasileiro. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em sua delação à PF, descreve o general Mário Fernandes como um dos militares mais radicais do núcleo golpista e um defensor “incisivo” de um golpe de Estado.
A carta aberta distribuída em grupos de WhatsApp bolsonaristas e endereçada a Freire Gomes, segundo a PF, defendia que o momento de reagir à transição de poder para Luiz Inácio Lula da Silva seria “agora ou nunca mais”. Fernandes alertou sobre o risco de conturbar o país após a eleição e mencionou 1964, ano do golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil.
A PF também revelou que Fernandes foi acionado pelo núcleo golpista do Planalto em dezembro para persuadir o chefe do comando, Carlos Alberto Rodrigues Pimental, a aderir ao plano de golpe. Ele havia chefiado o Comando de Operações Especiais (Copesp) do Exército em Goiânia, uma divisão estratégica devido ao controle que mantinha sobre as tropas.
A operação continua a desdobrar-se, destacando as complexas conexões entre membros do governo e as ações que visavam questionar a transição de poder após as eleições. As revelações colocam em evidência a tensão política no Brasil e a preocupação com a estabilidade democrática.