Sergipe, o menor estado brasileiro em extensão territorial, tem ganhado destaque nacional pela expressiva geração de empregos. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, houve um aumento de 137,73% na abertura de postos de trabalho no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse dado impulsionou a avaliação positiva do governo de Fábio Mitidieri, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Atlas, onde 67% dos entrevistados classificaram sua gestão como ótima, boa ou regular.

Entretanto, ao analisar esses números, é essencial contextualizar e questionar a sustentabilidade desse crescimento. O aumento expressivo na geração de empregos, embora significativo, não está isento de desafios estruturais. Sergipe ainda enfrenta problemas históricos, como a concentração de oportunidades em determinados setores e regiões, além da necessidade de diversificação da economia local. A criação de empregos é, sem dúvida, um indicador positivo, mas é fundamental observar se esses postos de trabalho são de qualidade e se contribuem para a redução das desigualdades socioeconômicas no estado.

A pesquisa do Instituto Atlas, que entrevistou quase 30 mil pessoas em todo o país, também deve ser examinada com cautela. Apesar da margem de erro ajustada conforme o tamanho da população de cada estado, a metodologia digital de recrutamento aleatório pode não refletir com precisão a diversidade socioeconômica da população sergipana. Ademais, 29% dos entrevistados avaliaram a gestão de Mitidieri como ruim ou péssima, um número que não pode ser ignorado e que sinaliza a existência de uma fatia significativa da população insatisfeita com o governo.

Outros indicadores, como a segurança pública e a saúde, também merecem um olhar crítico. A redução de 22,9% nos crimes violentos em Sergipe, destacada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, é uma vitória importante, mas deve ser analisada em um contexto mais amplo. As políticas de segurança são eficazes a longo prazo? Há investimento contínuo em prevenção e nas condições de trabalho das forças de segurança? A redução dos índices criminais precisa ser sustentada por uma política pública consistente, para evitar que seja apenas um reflexo de conjunturas temporárias.

Na área da saúde, os programas Opera Sergipe e Enxerga Sergipe têm se mostrado eficazes na resolução de gargalos como cirurgias eletivas e oftalmológicas. No entanto, é crucial questionar a abrangência e a acessibilidade desses programas para a população mais vulnerável, que frequentemente enfrenta dificuldades no acesso a serviços de saúde. A construção da nova Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, com um investimento significativo de R$ 60 milhões, é uma promessa importante, mas ainda é preciso acompanhar de perto a execução desse projeto e seus reais impactos na saúde materno-infantil no estado.

Assim, enquanto os números positivos no emprego, segurança e saúde são dignos de reconhecimento, a análise crítica é necessária para compreender a complexidade da gestão pública e seus efeitos duradouros na vida da população sergipana. Avaliar a qualidade e a sustentabilidade dessas políticas será essencial para determinar se o governo de Fábio Mitidieri conseguirá transformar os indicadores positivos em benefícios concretos e duradouros para todos os cidadãos de Sergipe.

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